Abílio Diniz e a história do Grupo Pão de Açúcar: Uma arquitetura sucessória eficiente, que multiplicou um legado
- Em 23/02/2024
No domingo, dia 18 de fevereiro de 2024, faleceu, aos 87 anos, o empresário Abílio Diniz, deixando uma fortuna avaliada em aproximadamente R$10 bilhões.Um modelo de resiliência e um empresário que, com inteligência e estratégia, alcançou o sucesso diante de desafios que fariam muitos desistir.
Hoje, vamos aprender um pouco com a história de Abílio Diniz e entender como as estratégias do modelo de arquitetura sucessória adotada por ele podem te ajudar a não apenas preservar, mas aumentar o patrimônio construído por você!
Vamos falar um pouco sobre a história do Grupo Pão de Açúcar e alguns dos desafios enfrentados por Abílio Diniz em seus 68 anos no GPA, e como este planejou sua sucessão, para garantir que seu patrimônio se transformasse em um legado que perduraria por gerações!
Antecipamos a você, que é uma história de dedicação, obstáculos, união, conflitos, superação, desafios e ambição.
- Como nasceu o Grupo Pão de Açúcar;
- A Arquitetura Sucessória de Valentim dos Santos Diniz: Resolvendo conflitos;
- As pedras ao longo do caminho: Da superação de desafios profissionais;
- A Sucessão de Abílio Diniz; e
- O que nos ensina Abílio Diniz.
Como nasceu o Grupo Pão de Açúcar
O Grupo Pão de Açúcar nasceu em 1929, como uma pequena mercearia fundada por Valentim dos Santos Diniz, pai de Abílio Diniz.
Em 1952, Valentim já tinha expandido seus negócios, que, então, consistiam em 2 filiais da Doceria Pão de Açúcar.
No ano de 1956, Abílio Diniz, um estudante de administração de empresas da Fundação Getúlio Vargas, aos 19 anos, percebendo que o mercado brasileiro abraçava a tendência norte-americana de supermercados, apresentou a ideia a seu pai e, juntos, começaram a pensar em estratégias para empreender nesse novo ramo de negócios.
Em 7 anos os negócios haviam se expandido, de 2 filiais da Doceria Pão de Açúcar para 20 supermercados na cidade de São Paulo com planos para continuar a expansão.
O planejamento e a estratégia foram elementos essenciais para que, em 1985, o Pão de Açúcar tivesse 626 lojas, além de investimentos diversificados.
A Arquitetura Sucessória de Valentim dos Santos Diniz: Resolvendo conflitos
Em 1986, aos 73 anos, Valentim dos Santos Diniz, preocupado com sua sucessão e com a continuidade de seu patrimônio e seus negócios, e que a sucessão ocorresse da forma menos conturbada possível, optou em realizar o seu planejamento sucessório.
Valentim redistribuiu sua participação no capital social entre seus 6 filhos (Abílio, Alcides, Arnaldo, Vera Lúcia, Sônia Maria e Lucília), mantendo-se na presidência do Conselho de Administração e seus filhos homens na Diretoria Executiva dos negócios.
Em 1988, ocorreu a primeira crise sucessória da família Diniz, com a saída de Alcides que optou em vender sua participação social no Pão de Açúcar, e cujos 3 filhos passaram a ocupar cargos executivos na empresa. A retirada de Alcides causou danos ao Pão de Açúcar, mas seria apenas o começo.
Logo após, ocorreu a segunda crise sucessória, a qual foi resolvida amigavelmente em 1994, e resultou em redistribuição acionária que manteve apenas dois filhos de Valentim no Pão de Açúcar: Abílio e Lucília, a mais nova. Abílio Diniz adquiriu as participações societárias de seus irmãos Arnaldo, Vera e Sônia.
Não se engane, a disputa, uma lavagem de roupa suja, foi um obstáculo que poderia ter causado sérios danos à Família Diniz. Valentim, o patriarca, teve de reassumir o comando do império para evitar sua implosão.
Em meio à disputa, optou-se, estrategicamente, pela antecipação da passagem de poder da segunda para a terceira geração, para se evitar novos prejuízos decorrentes da disputa de poder entre os membros da família.
Em conjunto com a passagem de poder, foi iniciado o processo de profissionalização da administração da empresa.
Destacamos que a decisão foi tomada não como resposta a uma crise, mas sim em um momento em que o Pão de Açúcar estava em seu auge. Assim, um executivo profissional, de fora da família, foi escolhido para administrar os negócios, em um processo seletivo que demorou 2 anos, para se assegurar que a pessoa escolhida fosse a mais adequada às necessidades do negócio.
Como resultado da nova gestão, os acionistas controladores, membros da Família Diniz, foram afastados de funções executivas, participando do Conselho de Administração, do qual o Presidente era Abílio Diniz.
As pedras ao longo do caminho: Da superação de desafios profissionais
Em 1995, Abílio Diniz realizou a abertura do capital social, iniciando uma nova fase de crescimento e consolidação dos negócios.
Em 1999, o grupo francês Casino adquiriu 24% do Grupo Pão de Açúcar.
Como consequência de uma estratégia de expansão dos negócios, o GPA adquiriu diversas redes de supermercados familiares em dificuldades financeiras, supermercados como Mambo, Pamplona e Barateiro, bem como 60% da rede Assaí e as Casas Bahia e Ponto Frio, em 2009. Como resultado, o GPA tornou-se o segundo maior varejista do Brasil.
Houve uma duplicação do valor e do tamanho do negócio em um curto período de tempo, transformando o varejo brasileiro.
Segundo informações divulgadas na mídia, o acordo entre Pão de Açúcar e Casino previa que, gradualmente, até 2012, o grupo francês aumentasse a sua participação societária e Abílio transferisse o comando do GPA a ele.
Porém, em 2011, iniciou-se o conflito entre Casino e GPA, em decorrência da tentativa de fusão entre Carrefour e o Grupo Pão de Açúcar, sem o consentimento do grupo Casino. Isso porque, se a fusão acontecesse, a Casino não poderia assumir o controle do GPA.
A disputa durou 2 anos, após os quais Abílio Diniz teve de vender a sua participação no Grupo Pão de Açúcar à Casino, saindo do comando do grupo após 54 anos na direção.
Abílio Diniz, como empresário estratégico, resiliente e sagaz, que era, em 2006 já havia criado uma nova empresa de participações, a Península Participações, como empresa de investimentos de sua família.
A Península Participações adquiriu participação acionária no Carrefour Brasil e na BRF, sendo eleito como membro de seu Conselho de Administração. O valor dos ativos da Península Participações é avaliado em aproximadamente R$12 bilhões, sendo compostos por participação societária no Carrefour Brasil, imóveis e fundos.
Em 2021, Abílio Diniz deixou de ser acionista da BRF, depois de sofrer com os prejuízos da empresa.
A Sucessão de Abílio Diniz
Abílio Diniz teve 6 filhos, sendo 4 de seu primeiro matrimônio com Maria Auriluce Falleiros, e 2 de seu segundo matrimônio com Geyze Marchesi.
Importante notar que as participações societárias, como Carrefour Brasil, compunham o patrimônio da Península Participações, ou seja, o patrimônio de Abílio Diniz era composto por sua participação na Península Participações.
Outro aspecto importante a ser considerado é que o Acordo de Acionistas entre o Carrefour Brasil e a Península Participações restringe a transferência de ações para concorrentes ou grupos específicos, limitando a transação do ativo participação societária no Carrefour Brasil.
Os cargos ocupados por Abílio Diniz, conforme noticiado na mídia, permanecerão momentaneamente vagos, até nova reunião do Conselho de Administração.
Ainda não se tem notícias acerca do planejamento sucessório de Abílio Diniz, mas um visionário e estrategista como ele, certamente planejou sua sucessão, assim como seu pai, Valentim.
Outro ponto relevante é notarmos como a implantação da profissionalização da gestão contribui ao crescimento de seu legado, reduzindo a probabilidade de conflitos familiares. Ora, os últimos conflitos de Abílio Diniz não eram com membros de sua família e não tiveram a mesma repercussão aos negócios do que os conflitos familiares vividos nos anos 80 e 90.
O que nos ensina Abílio Diniz
Aprendemos com Abílio Diniz e seu pai, Valentim, que a arquitetura sucessória traz benefícios, principalmente sob a perspectiva da preservação e crescimento de seu legado.
Você deve estar pensando, mas meu patrimônio está longe de se aproximar de R$10 bilhões…
Porém, é importante compreender que as ferramentas usadas por Abílio Diniz estão ao seu alcance.
As ferramentas de planejamento sucessório incluem:
- Testamento: um documento escrito que define como os bens serão distribuídos após a morte.
- Holding patrimonial: uma empresa cuja função principal é proteger e controlar ativos financeiros, imobiliários e de outros tipos.
- Acordos de acionistas: um contrato entre os proprietários da empresa que define as regras para a transferência de propriedade e gestão da empresa.
- Fideicomissos: u m instrumento financeiro que permite transferir ativos de uma pessoa para outra, geralmente com objetivos fiscais ou sucessórios.
- Planos de previdência: um tipo de poupança que permite acumular recursos para a aposentadoria ou para a transferência de bens de uma geração para a próxima.
- Planejamento fiscal: um conjunto de estratégias para minimizar o impacto fiscal sobre os ativos da família.
- Documentação financeira e imobiliária: inclui contratos, declarações de impostos, registros imobiliários e outros documentos importantes que precisam ser organizados e mantidos atualizados.
Estas ferramentas podem ser combinadas de maneiras diferentes para atender às necessidades e objetivos específicos de cada família. É importante consultar um especialista em planejamento sucessório para obter ajuda na escolha e implementação das ferramentas mais adequadas para o seu caso.
Em relação à profissionalização da gestão, a qual foi muito importante para Abílio Diniz, é a distinção e segregação dos papéis daqueles que participam ativamente da gestão da empresa, de acordo com os conhecimentos técnicos e habilidades de cada indivíduo, permitindo que cada um deles exerça o seu papel com competência e efetividade.
A função de cada um dos personagens deve ser clara, assim como o entendimento de todo elenco envolvido de que há uma meta comum, pela qual todos devem estar unidos para lutar. (https://azevedoneto.adv.br/profissionalizacao-da-gestao-preservando-e-aumentando-o-legado-familiar/).
Não estamos falando tão somente da condução dos negócios diários, mas do estudo e estruturação para se explorar novas oportunidades de negócio, para que o destino do legado familiar não esteja fadado ao fracasso como ocorreu com a Blockbuster, ao não acompanhar o desenvolvimento tecnológico e as tendências de mercado!
Hoje, as empresas familiares de maior sucesso além de preparar os herdeiros e sucessores, estão atentas às inovações e necessidades do mercado! (https://azevedoneto.adv.br/entrevista-com-um-empreendedor-parte-i/)
O processo de preparação de herdeiros e sucessores pode ser subdividido em duas etapas, sendo a primeira delas a análise dos personagens envolvidos para se perceber as aptidões de cada pessoa, seus interesses e como eles podem contribuir para o desenvolvimento do legado familiar.
Aqueles que possuírem o conhecimento e características necessárias passarão a participar da gestão dos negócios, para entender as decisões e os negócios, possibilitando que essa pessoa entenda como pode contribuir para a manutenção e o crescimento do negócio.
Se verificado que os herdeiros e sucessores não desejam participar dos negócios familiares, deve-se buscar profissionais do mercado.
A profissionalização da gestão, seja por meio da preparação de herdeiros e sucessores, seja por meio da contratação de terceiros, permite a manutenção do legado familiar tão arduamente construído, auxilia na manutenção da harmonia familiar e abre portas às novas possibilidades de crescimento do negócio familiar!
Essa ferramenta existe e está disponível para todos aqueles que desejem utilizá-la, seja pequeno, médio ou grande o seu negócio.
Ainda, o processo de profissionalização, pode integrar o processo de planejamento sucessório e trazer ainda mais benefícios ao legado familiar!
Vejamos:
O planejamento sucessório permite a estruturação antecipada da sucessão do patriarca ou matriarca da família, podendo, conforme o caso, ter as seguintes finalidades:
- Economia tributária na sucessão patrimonial,
- Preservação patrimonial, por meio de ferramentas que implementam as regras para a administração do patrimônio, após o falecimento do patriarca ou matriarca;
- Harmonia das relações familiares;
- Proteção patrimonial, para as famílias empresárias, garantindo o sustento familiar em meio às crises e à instabilidade político-econômica;
- A profissionalização da administração da empresa familiar;
- Evitar a demora e custos de ação de abertura de inventário, principalmente quando há hostilidade entre herdeiros.
O planejamento é um investimento a ser feito na preservação do patrimônio, que utiliza como ferramentas não apenas holdings patrimoniais e doações. Há muitos outros recursos cujo uso deve ser avaliado de acordo com o caso prático e com as prioridades de cada família. (https://azevedoneto.adv.br/guia-pratico-sobre-os-beneficios-do-planejamento-patrimonial-e-sucessorio/).
Consulte um de nossos advogados especializados para entender os benefícios da arquitetura sucessória ao seu caso e como preservar seu patrimônio familiar para as gerações futuras![/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]
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