A Origem das Espécies e a Sociedade Familiar: A teoria da evolução de Darwin como bússola para a Arquitetura Sucessória
- Em 01/06/2024
Todos aprendemos na escola sobre a Teoria da Evolução por Seleção Natural de Charles Darwin.
Hoje, te convidamos a refletir conosco sobre como Darwin pode ser aplicado ao planejamento sucessório, como os milênios de evolução da natureza podem ser aplicados à sobrevivência de seu legado:
- Um breve resumo da Origem das Espécies;
- Darwin aplicado aos negócios;
- A evolução do mercado;
- Darwin e a arquitetura sucessória;
- A receita de sucesso de empresas familiares de destaque
- Profissionalização da Gestão;
- Preparando Herdeiros e Sucessores;
- Investindo no Planejamento Sucessório
Um breve resumo da Origem das Espécies
Publicada pela primeira vez, em 1859, no livro “A Origem das Espécies”, Darwin buscou explicar as diversidades das formas de vida na Terra, levando em consideração os seguintes conceitos:
- Variabilidade: Em uma população, os indivíduos apresentam variações em características físicas e comportamentais. Essas variações podem ser resultado de mutações genéticas, recombinação genética durante a reprodução, e outros fatores.
- Hereditariedade: Muitas dessas variações são hereditárias, ou seja, podem ser passadas de uma geração para a próxima.
- Superprodução: Os organismos tendem a produzir mais descendentes do que o ambiente pode suportar. Isso leva a uma competição por recursos limitados, como alimento, espaço e parceiros para reprodução.
- Seleção Natural: Em um ambiente específico, certas variações podem conferir vantagens a alguns indivíduos, permitindo-lhes sobreviver e reproduzir-se mais eficazmente do que outros. Por exemplo, uma característica que melhora a camuflagem pode ajudar um animal a evitar predadores, aumentando suas chances de sobrevivência e reprodução.
- Adaptação: Ao longo do tempo, as características vantajosas tornam-se mais comuns na população, pois os indivíduos que as possuem têm maior probabilidade de sobreviver e deixar descendentes. Este processo de acúmulo gradual de adaptações ao longo das gerações resulta na evolução das espécies.
- Descent with Modification: Todas as espécies descendem de ancestrais comuns e, ao longo do tempo, acumularam modificações que as diferenciam dos seus antecessores e de outras espécies.
A teoria de Darwin revolucionou a biologia, fornecendo uma explicação unificadora para a diversidade da vida e estabelecendo um fundamento para o estudo da genética, ecologia e outras áreas biológicas. Embora a teoria tenha sido ampliada e refinada com a descoberta da genética e da biologia molecular, os princípios básicos da seleção natural ainda são centrais para a compreensão da evolução.
Darwin aplicado aos negócios. A evolução do mercado
Ao analisar a teoria de Darwin, percebemos que quando há a superprodução, ou seja, quando há mais indivíduos de determinada espécie do que os recursos limitados podem suportar, como alimento, espaço e parceiros para reprodução, aquele indivíduo que possuir características mais vantajosas, provavelmente será que sobreviverá e irá reproduzir, deixando descendentes.
Notamos que tal conceito pode ser aplicado aos negócios, enquanto aqueles negócios que estão mais adaptados ao seu mercado, são aqueles com maior probabilidade de sucesso.
Ao longo de gerações, as espécies acumulam modificações que as diferenciam de seus antecessores e de outras espécies, nem sempre tais modificações serão as mais benéficas para determinado ambiente, é necessário que os descendentes possuam tais modificações e quem sabe, até outras, que tornem sua adaptação melhor, ou seja, as espécies estão em constante evolução.
A constante evolução também pode ser aplicada aos negócios, enquanto seu negócio tem de estar em constante adaptação ao mercado, às normas tributárias, ao mercado consumidor, dentre tantos outros fatores.
Para as plantas e animais, as modificações podem demorar gerações para existir e se consolidar. Porém, para a sobrevivência de uma empresa, a evolução tem de ser um processo mais ágil e dinâmico, ao contrário dos animais.
Adaptar-se e evoluir, hoje, é uma necessidade para que os negócios sobrevivam e cresçam.
Se levarmos em consideração que apenas 85% das empresas familiares sobrevivem à terceira geração, é importante entender como operacionalizar a adaptação e evolução, para aumentar as chances de sobrevivência e crescimento da empresa familiar.
Darwin e a arquitetura sucessória
Segundo dados do IBGE, 90% das empresas brasileiras têm perfil familiar, sendo responsáveis por 65% do PIB nacional e por 75% dos empregos.
Porém, apenas 30% delas chega à 3ª geração e somente 15% sobrevive à sucessão de 3 gerações.
Do ranking das 100 maiores empresas brasileiras, diversas já foram empresas familiares, sendo vendidas a investidores ou concorrentes, em algum momento de sua história como, por exemplo, Grupo Pão de Açúcar, BRF (que inclui a Sadia e Perdigão, que eram empresas familiares), Suzano Celulose e Klabin.
Mas, o que faz com que tão poucas empresas familiares permaneçam como tal ao longo das gerações futuras?
Entre os desafios mais comuns estão:
- O apego e a centralização excessiva de poder.
- A sobreposição de papéis.
- A dificuldade de reconhecer e trabalhar as próprias limitações pessoais.
- A falta de um planejamento sucessório adequado.
Tais desafios refletem-se em:
- Conflito familiar: conflitos familiares podem se estender para o ambiente de trabalho, prejudicando as relações profissionais. Disputas sobre liderança, responsabilidades e decisões estratégicas podem criar um ambiente pouco favorável.
- Nepotismo e favoritismo: o nepotismo é uma ameaça real em empresas familiares, onde a promoção de membros da família com base em laços sanguíneos, em vez de méritos, pode minar a moral da equipe e prejudicar o desempenho geral.
- Resistência à mudança: valorizar a tradição não deve se confundir com resistência à mudança. Empresas familiares podem ter dificuldade em adotar novas tecnologias ou estratégias inovadoras e assim ficar em desvantagem competitiva.
- Falta de profissionalismo: a sobreposição de relações familiares e profissionais pode levar a um ambiente onde as fronteiras entre o pessoal e o profissional se tornam nebulosas, prejudicando a eficiência e a objetividade.
A receita de sucesso de empresas familiares de destaque
Por sua vez, há empresas familiares que resistem ao tempo, às crises e à mudança de gerações.
Empresas familiares como Droga Raia, Magazine Luíza, Grupo Votorantim e a Lupo sobreviveram às crises e guerras e cresceram em um ambiente político-econômico instável.
Vamos observar tais empresas primeiramente pelo viés dos fatores externos, como crises políticas-econômicas, guerras e conflitos.
Crises certamente representam um grande desafio, mas também podem ser vistas como oportunidades de negócios, enquanto para se adaptar a novos nichos de mercado podem ser explorados.
A Droga Raia, fundada em 1905, por exemplo, em meio à Gripe Espanhola (1917 – 1918), notou a procura por medicamentos e atendimentos durante a madrugada e passou a atender 24 horas por dia.
A Lupo, empresa centenária do setor têxtil, conhecida pela fabricação e comercialização de meias, durante a pandemia do COVID-19, investiu na inovação tecnológica para aprimorar as vendas no mundo digital e melhorar sua eficiência e a experiência do consumidor.
Ainda, ao observar a necessidade do mercado por máscaras faciais, destinou parte de sua produção ao desenvolvimento e fabricação de máscaras. O que, em conjunto com a inovação tecnológica, levou ao crescimento da marca, por meio do aproveitamento de capacidade produtiva ociosa.
Podemos depreender destas duas histórias de sucesso que sobrevivência e crescimento podem vir da observação e compreensão da realidade para se buscar oportunidades!
Acima, falamos apenas de alguns casos de sucesso, há tantos outros que podem ser analisados, como da Granado ou Havaianas.
A importância da profissionalização da gestão
A profissionalização da gestão é a distinção e segregação dos papéis daqueles que participam ativamente da gestão da empresa, conforme os conhecimentos técnicos e habilidades de cada indivíduo, permitindo que cada um deles exerça o seu papel com competência e efetividade.
A função de cada uma das personagens deve ser clara, assim como o entendimento de todo elenco envolvido de que há uma meta comum, pela qual todos devem estar unidos para lutar (https://azevedoneto.adv.br/profissionalizacao-da-gestao-preservando-e-aumentando-o-legado-familiar/).
Não estamos falando tão somente da condução dos negócios diários, mas ao estudo e estruturação para se explorar novas oportunidades de negócio, para que o destino do legado familiar não esteja fadado ao fracasso como ocorreu com a Blockbuster, ao não acompanhar o desenvolvimento tecnológico e as tendências de mercado!
Hoje, as empresas familiares de maior sucesso, como o Magazine Luiza, além de preparar os herdeiros e sucessores, está atenta às inovações e necessidades do mercado (https://azevedoneto.adv.br/entrevista-com-um-empreendedor-parte-i/)!
Preparando herdeiros e sucessores
O processo de preparação de herdeiros e sucessores pode ser subdivido em duas etapas, sendo a primeira delas a análise dos personagens envolvidos para se perceber as aptidões de cada pessoa, seus interesses e como eles podem contribuir para o desenvolvimento do legado familiar.
Aqueles que possuírem o conhecimento e características necessárias passarão a participar da gestão dos negócios, para entender as decisões e os negócios, possibilitando que essa pessoa entenda como pode contribuir para a manutenção e o crescimento do negócio.
Se verificado que os herdeiros e sucessores não desejam participar dos negócios familiares, deve-se buscar profissionais do mercado.
A profissionalização da gestão, seja por meio da preparação de herdeiros e sucessores, seja por meio da contratação de terceiros, permite a manutenção do legado familiar tão arduamente construído, auxilia na manutenção da harmonia familiar e abre portas às novas possibilidades de crescimento do negócio familiar!
Essa ferramenta existe e está disponível para todos os que desejem utilizá-la, seja pequeno, médio ou grande o seu negócio.
Ainda, o processo de profissionalização, pode integrar o processo de planejamento sucessório e trazer ainda mais benefícios ao legado familiar!
Investindo no Planejamento Sucessório
O planejamento sucessório permite a estruturação antecipada da sucessão do patriarca ou matriarca da família, podendo, conforme o caso, ter as seguintes finalidades:
- Economia tributária na sucessão patrimonial;
- Preservação patrimonial, por meio de ferramentas que implementam as regras para a administração do patrimônio, após o falecimento do patriarca ou matriarca;
- Harmonia das relações familiares;
- Proteção patrimonial, para as famílias empresárias, garantindo o sustento familiar em meios às crises e à instabilidade político-econômica;
- A profissionalização da administração da empresa familiar; e
- Evitar a demora e custos de ação de abertura de inventário, principalmente quando há hostilidade entre herdeiros.
O planejamento é um investimento a ser feito na preservação do patrimônio, que utiliza como ferramentas não apenas holdings patrimoniais e doações. Há muitos outros recursos cujo uso deve ser avaliado segundo o caso prático e com as prioridades de cada família (https://azevedoneto.adv.br/guia-pratico-sobre-os-beneficios-do-planejamento-patrimonial-e-sucessorio/).
Consulte os advogados especializados do Azevedo Neto Advogados e entenda as ferramentas da arquitetura sucessória no processo de evolução e adaptação de seus negócios.
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